25 outubro 2011

Assombro

O amor assusta porque ao nascer já anuncia: posso acabar. Pior: o amor do outro pode acabar. Ou nada disso: pode a vida e o dia e as horas serem mais fortes que qualquer impulso, e o que era um-mais-um torna-se um a um. E o que resta é cada um levando como pode o que pulsa em si.


O amor é ter a perder.


Ou não ter nada. É tudo e todo o medo e todos os perigos. Ou nada e paz. Ou nada.


O amor que nasce é assustadoramente amor. O amor que segue sozinho é assustadoramente só. Não há meio-termo porque o que o amor quer é coragem, o amor quer entrega, o amor sempre quer. Nem sempre é harmonia, nem sempre delicadeza. Mas sempre amor. Até não mais. E isso demora.


É maior que nós, o amor. Faz sombra e assusta. Até que se veja dele o seu verdadeiro tamanho. A sombra do amor assusta. Até que se entenda que ela é sombra e só.


O amor nos pede a escolha: ser do tamanho do medo ou da coragem.



Cris Guerra

Um comentário:

Unknown disse...

Esse meu amigo é um poeta...
Que sentimento lindo é o amor né? Mesmo com todas as pedras pelo caminho... devemos tirar sempre o melhor disso tudo. :D